Ecologistas em Ação alertam sobre "cortes brutais" na natureza no novo quadro financeiro da UE.

Madri, 20 de outubro (EFEverde).- A Ecologistas em Ação exigiu que o governo espanhol tome uma posição "decisiva e corajosa" nas negociações para o novo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia 2028-2034, argumentando que a atual proposta da Comissão Europeia consolida "cortes selvagens" na conservação da natureza e da biodiversidade.
Menos financiamento e desaparecimento do LIFESegundo a organização ambientalista, a nova arquitetura financeira da UE simplifica o número de fundos de 52 para 16, representando uma "redução drástica" de instrumentos específicos para a natureza. Nessa reorganização, a conservação é subsumida no eixo "Competitividade, Prosperidade e Segurança", desaparecendo como prioridade política independente.
Uma das mudanças mais graves, apontam, é a eliminação do programa LIFE, o principal instrumento europeu de financiamento para projetos de conservação de espécies e habitats por mais de três décadas. Projetos futuros agora terão que competir por fundos para "transição limpa e descarbonização industrial", o que — alertam — os relegará à concorrência de propostas empresariais ou de infraestrutura.
Em experiências anteriores, como o Recovery and Resilience Facility, os projetos de natureza receberam apenas 2% do financiamento total, observam os ambientalistas.
Nenhuma meta específica de gastos em biodiversidadeA Comissão Europeia não inclui uma meta específica de gastos para a natureza em sua proposta. Em vez disso, propõe alocar 35% do orçamento total para uma estrutura genérica de "clima e meio ambiente", uma categoria excessivamente ampla que abrange tudo, desde a biodiversidade até a economia circular.
O quadro atual, por outro lado, dedica 30% do orçamento às mudanças climáticas e 10% especificamente à biodiversidade. Além disso, a nova proposta não contempla a eliminação gradual de incentivos econômicos prejudiciais à natureza e ao clima, medida que, segundo a Ecologists in Action, contraria os compromissos do Pacto Ecológico Europeu e dos acordos internacionais sobre biodiversidade.
Carta ao Governo EspanholDiante dessa situação, a Ecologists in Action enviou uma carta a Sara Aagesen, Ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico, antes da reunião do Conselho de Meio Ambiente da UE em 21 de outubro.
Nele, a organização exige que a Espanha defenda uma alocação mínima de 10% do orçamento europeu para objetivos genuínos de biodiversidade, sob um sistema específico de monitoramento e avaliação. Também exige uma linha orçamentária separada para ações LIFE, com financiamento estável e plurianual, para manter a cooperação entre autoridades, ONGs e centros de pesquisa.
Eles também pedem a transformação dos Planos de Parceria Nacional e Regional (NRPPs) em verdadeiros planos de investimento para o clima e a natureza, com pelo menos 15% dos fundos dedicados à biodiversidade e vinculados aos planos nacionais de restauração ecológica.
Um retrocesso histórico na conservaçãoSe essas garantias não forem incorporadas, a Ecologists in Action alerta que o novo período financeiro da UE representará um retrocesso histórico nas políticas de conservação e colocará em risco o cumprimento da Estratégia Europeia para a Biodiversidade 2030 e do Quadro Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal.
A organização insta o governo espanhol a exercer uma liderança consistente com o alerta científico e seus compromissos internacionais, e destaca que outros países, como a República Tcheca, já manifestaram seu desacordo com o quadro financeiro proposto por Bruxelas. "O governo espanhol não pode ser menos exigente", conclui a Ecologistas em Ação em comunicado. EFEverde
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